quarta-feira, 27 de junho de 2007

O MERGULHO DE SÓCRATES


Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.)



"A fealdade notória de Sócrates, a sua formidável resistência, no combate e na bebida, a retórica do gesto e o repouso da deambulação e da stasis, que engendram as suas perguntas e as suas meditações, encarnam (...) a dinâmica da argumentação e do sentido.

(...) Em incongruentes lugares, nos momentos em que menos se espera, Sócrates mergulha bruscamente numa reflexão profunda - coisa tão indispensável à força do seu ensino, quanto as palavras efectivamente empregues."

"Les Logocrates" (George Steiner)



Um homem que se retira assim, sem aviso, do convívio dos demais para se absorver no debate consigo próprio, contra todas as regras da "boa educação", certamente demonstra que a ordem dentro de si passa à frente de tudo o resto, como se aquele que tem um problema no seu espírito corresse o risco de desencaminhar os outros.

Sabemos qual era o valor da prática filosófica para Sócrates, e o que noutro seria pose e "construção de imagem" é no filósofo a medida do "escândalo" que constitui o pensamento.

E isto sem se afastar sequer da forma natural: "Em Sócrates, o pensamento, fosse ele na sua forma mais abstracta, a alegoria (...), são experiências vividas irredutíveis a uma textualidade muda."

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