Rua dos Douradores
"Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E a sensação que tudo é sonho, como coisa real por dentro."
"A Tabacaria" (Fernando Pessoa)
A palavra lealdade é uma âncora no dilema do poeta. Bem sabemos que está ali sob a forma de um dever, mas como não se confronta com uma paixão e tão-só com a sensação do sonho, é de crer que tenha força suficiente para segurar o mundo flutuante onde vogam ruas, tabacarias e tabuletas.
De resto, Pessoa não era um homem de paixões. Tinha a capacidade de se passear por várias vidas como um espectador de cada um dos seus nomes. Se se apaixonasse numa dessas vidas, talvez pudesse dizer que tinha visto tudo, por se ter perdido a si de vista.
Mas volto à imprtância da lealdade na Física pessoana. Ele que não cria em nada, podia, pelo menos responder por si, quem quer que fosse, e "honrar" uma pertença (à rua dos Douradores ou à língua portuguesa, por exemplo).
Uma biografia, a história dos nossos passos quotidianos ou não, não nos obriga a qualquer coisa como aquilo que ele definiu como lealdade? Quero dizer, não podemos trair o mundo que nos conhece (o do Esteves e da Tabacaria), sem que nos tornemos e o que pensamos em puro nada.
Para podermos dizer que a hora é absurda, é preciso uma plataforma como a de Arquimedes. Só troçaremos do tempo começando uma nova contagem.
De resto, Pessoa não era um homem de paixões. Tinha a capacidade de se passear por várias vidas como um espectador de cada um dos seus nomes. Se se apaixonasse numa dessas vidas, talvez pudesse dizer que tinha visto tudo, por se ter perdido a si de vista.
Mas volto à imprtância da lealdade na Física pessoana. Ele que não cria em nada, podia, pelo menos responder por si, quem quer que fosse, e "honrar" uma pertença (à rua dos Douradores ou à língua portuguesa, por exemplo).
Uma biografia, a história dos nossos passos quotidianos ou não, não nos obriga a qualquer coisa como aquilo que ele definiu como lealdade? Quero dizer, não podemos trair o mundo que nos conhece (o do Esteves e da Tabacaria), sem que nos tornemos e o que pensamos em puro nada.
Para podermos dizer que a hora é absurda, é preciso uma plataforma como a de Arquimedes. Só troçaremos do tempo começando uma nova contagem.
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