terça-feira, 5 de junho de 2007

WORLDLANDIA

"The World"



No filme "O Mundo" (2004-Zhang Ke Jia), temos uma bem conseguida parábola sobre a China e os seus clássicos tropismos de abertura e fechamento sobre si mesma.

Estamos num gigantesco parque de diversões em que os países estrangeiros se encontram representados pelos seus ex-libri monumentais.

Tao, a jovem corista do teatro do parque, vê os aviões cruzarem o céu, mas nunca conheceu ninguém que tivesse viajado neles. Este mundo em miniatura parece, assim, um simulacro de abertura. Para quê viajar até Paris, se se tem ali à mão a Torre Eiffel? Mesmo as Torres Gémeas continuam, enquanto as originais foram há anos destruídas.

A realidade da China e dos chineses infiltra-se apesar de tudo pelas rachadelas deste mundo hipostasiado, com elevadores, mono-rail e grandes panorâmicas, mas sem pessoas.

Tao e o namorado, no final, intoxicados por uma "fuga da realidade", com traições, corrupção e morte, sabem que o verdadeiro mundo mal começou.

Belo filme a que não falta uma citação de Ozu.

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