"The World" |
No filme "O Mundo" (2004-Zhang Ke Jia),
temos uma bem conseguida parábola sobre a China e os seus clássicos tropismos
de abertura e fechamento sobre si mesma.
Estamos num gigantesco parque de diversões em que os
países estrangeiros se encontram representados pelos seus ex-libri monumentais.
Tao, a jovem corista do teatro do parque, vê os aviões
cruzarem o céu, mas nunca conheceu ninguém que tivesse viajado neles. Este
mundo em miniatura parece, assim, um simulacro de abertura. Para quê viajar até
Paris, se se tem ali à mão a Torre Eiffel? Mesmo as Torres Gémeas continuam,
enquanto as originais foram há anos destruídas.
A realidade da China e dos chineses infiltra-se apesar
de tudo pelas rachadelas deste mundo hipostasiado, com elevadores, mono-rail e
grandes panorâmicas, mas sem pessoas.
Tao e o namorado, no final, intoxicados por uma
"fuga da realidade", com traições, corrupção e morte, sabem que o
verdadeiro mundo mal começou.
Belo filme a que não falta uma citação de Ozu.
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