sexta-feira, 1 de junho de 2007

UM ACTOR SEM HIPOCRISIA


Luís XIV, aos 13 anos, no fim da Fronda

"Convenho na possibilidade da execução; mas considero-a perigosa nas suas consequências, tanto para o público como para os particulares, porque esse mesmo povo de que vos servireis para abater a autoridade dos magistrados não reconhecerá depois a vossa, quando fordes obrigado a exigir deles o que os magistrados exigem."

"Mémoires du Cardinal de Retz"


O Coadjutor de Paris contrapõe este discurso às intenções de M. de Bouillon de "purgar" o Parlamento, levando-o a "dar passos odiosos para o povo", segundo a sua inclinação natural, preconizando o mesmo procedimento em relação às autoridades municipais, para o "partido" se assegurar, através do "exílio ou da prisão, das pessoas daqueles por quem não podia responder."

No oceano agitado da Fronda, um homem consegue manter o sangue frio e divisar a luz dos princípios ou da razão, para além do que está à vista.

É essa secura do olhar, essa integridade intelectual que ressaltam das páginas das suas memórias, entre as admiráveis análises de carácter que semeiam a obra.

Não era um hipócrita, estando longe de ser naturalmente um homem da Igreja, apesar dos títulos.

Só os costumes podem explicar a sua estranha camuflagem.

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