Adam Smith (1723/1790)
"Do capitalismo, porém, só agora se pode dizer que representou sempre mais do que "uma relação de produção"; desde sempre, a sua pregnância ultrapassou amplamente o que a figura intelectual de "mercado mundial" podia designar. Ele implica o projecto que consiste em transpor a totalidade da vida do trabalho, dos desejos e da expressão artística dos seres para a imanência do poder de compra."
"Palácio de Cristal" (Peter Sloterdijk)
Como diria Niklas Luhmann, o mercado é um sistema para redução da complexidade. Nunca qualquer sociedade que fosse se identificou com as suas "relações de produção" ou as chamadas leis da oferta e da procura.
Mas para podermos lidar com a realidade social, devemos sempre interpretar, servindo-nos para isso duma teoria.
A "Mão Invisível" de Adam Smith que faz com que, no fim de contas, as coisas dêem certo é isso mesmo ( e vem depois da Providência Divina). E é fácil perceber como a ideia de sistema, que veio a seguir, é uma variante dessa espécie de princípio homeostático.
A tese de Sloterdijk diz-nos que a complexidade da sociedade moderna já não pode ser interpretada ( e reduzida) pela ideia de sistema. Descobrimos que as cumplicidades sociais são pelo menos tão importantes quanto as divisões e diferenciações estabelecidas pela teoria.
A informação como equivalente geral ultrapassa o domínio da tecnologia para se impor sob a forma do poder de compra. O insidioso princípio é o de que todas as diferenças se reduzem a isso e são tão moralmente neutras quanto a própria informação.
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