sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A ABÓBADA


Starry Night Over the Rhone (Vincent van Gogh)


"Não esperes até que Deus venha a ti

e diga: Sou.

Um deus que confessa a sua força

não tem sentido.

Hás-de saber que o sopro de Deus te invade

desde o princípio,

e quando o coração te arde e nada trai,

é ele então que em ti cria."


"Orações das donzelas à Virgem Maria" (Rainer Maria Rilke)



Neste céu um deus como Jeová não tem lugar. O Deus dos Exércitos começa por impressionar pela força, mesmo se essa força não é a do número. Os povos da Cananeia tiveram a amarga experiência de não serem o povo eleito.

O Deus do poema não está separado.

Que traição é essa de que pode ser culpado o coração, o órgão do sentimento e desse "o que em mim sente está pensando"?

Não é o homem tornado deus para si mesmo o tema dessa traição?

Mas como é fácil trair sob a cúpula do Palácio de Cristal de que fala Sloterdijk!

Nós trocámos por ela a abóbada celeste.

0 comentários: