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"Seja como for, Hollywood, a metrópole pacífica das imagens, arrebatou há meio século a palma às centrais mediterrânicas de emissão de morais e de mistérios, Roma e Jerusalém. Desde logo, as suas mensagens não se dirigem às pequenas culturas, cujos mercados são demasiado tacanhos para os produtos do novo e distractivo imperialismo. Quando se conseguem distribuir em duas dezenas de versões dobradas, garantem já lucros substanciais."
"Palácio de Cristal" (Peter Sloterdijk)
A "fábrica dos sonhos" revelou-se, de facto, mais importante do que o fórum ou o jornal, a oração matinal de Hegel, para conformar os indivíduos e instituir a espécie de paz que advém de se partilhar a mesma religião.
A identificação com os modelos propostos pelo cinema de massas consegue o que nenhuma prédica consegue: o sentimento de que o princípio das nossas acções vem de nós mesmos e de que não somos forçados por qualquer moral exterior e nem mesmo pela lógica a fazer o que fazemos.
Mas talvez que a mensagem de Hollywood não seja, verdadeiramente, o "american way of life" (e o que seria isso, quando são múltiplos os modos de ser americano?). Esse cinema, ao escrever o guião dos nossos sonhos diz-nos o que somos para lá da personagem oficial. E assim cria, como todo o imaginário, um espaço-refúgio necessário à integração social, porque, não é verdade? nunca cabemos na personagem oficial.
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