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"A seguir volto-me para o ateu que, afirmo, apenas o é nominalmente e nunca o pode ser com sinceridade e pergunto-lhe se não há, a partir da coerência e aparente simpatia em todas as partes deste mundo, um certo grau de analogia por entre todas as operações na natureza, em qualquer situação e em qualquer época. (...) Tendo obtido esta concessão, levá-lo-ei um pouco mais longe no seu recuo e pergunto-lhe se não é provável que o princípio que inicialmente configurou e ainda mantém ordem neste universo não apresenta também alguma remota e inconcebível analogia com as outras operações da natureza e, entre o resto, com a economia da mente e do pensamento humano."
"Diálogos sobre a religião natural" (David Hume)
No século dezoito ( e até Kant ) ninguém se perguntava se o facto de existir uma analogia entre a natureza ( as leis que nela descobrimos ) e a razão humana não se deve ao modo como a podemos compreender, aos órgãos que nos servem de intermediários e de tradutores nessa apreensão e compreensão.
Tiremos os óculos escuros e a paisagem é outra. Com olhos de gato não veríamos o mundo da mesma maneira. Se não tivéssemos que nos movimentar no espaço, talvez não precisássemos de calcular nem, se calhar, do órgão da razão.
Que "simpatia" pode haver entre as partes deste mundo que não seja, fatalmente, antropologia?
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