"A minha artimanha foi bem sucedida porque não era estudada, porque não podia ser prevista. É o que acontece com o exército em geral, uma artimanha de guerra deve nascer, na cabeça de um capitão, da circunstância, do acaso e da experiência na pronta percepção das relações e das oposições dos homens e das coisas."
"Histoire de ma vie" (Giacomo Casanova, citado por Philippe Sollers)
Que vem fazer a arte da guerra nas memórias do grande sedutor? "À l'amour comme à la guerre?" Será porque o sedutor conquista, faz da posse o seu objectivo, mas o que ele quer, como o diabo, é a alma.
O catálogo de Dom Juan podia ser feito só de juras, se a honra estivesse sempre em alta. Mas o sedutor conhece melhor a sua presa e poderia fazer da célebre ária do "Rigoletto" sobre a volubilidade das mulheres a sua cartilha.
Mas voltando à linguagem militar, podíamos resumir assim a ideia de Casanova: o quartel-general (a ideia feita) é completamente inapta para fazer mudar a sorte no terreno. O bom general, como Bragation, em Tolstoi, sanciona sempre a manobra que o homem no terreno "vislumbra" ou se vê obrigado a executar.
Casanova também preferia deixar-se guiar pela intuição, o que ele chamava de "seguir Deus".
0 comentários:
Enviar um comentário