"Destruir depois de ler" (Ethan e Joel Coen, 2008) ou de como a obsessão duma mulher por dar uma volta à sua vida sentimental, através duma cirurgia estética, se parece com a complexidade política nos envolvimentos da CIA, quando as personagens se entregam aos seus jogos de decepção e mistificação numa época em que nem o maniqueísmo político facilita as coisas.
O tom de comédia acaba muito naturalmente na violência extrema que é a imagem de marca dos Coen. E ficamos cientes de que a bagunçada final em que já ninguém tem a pretensão de compreender o que aconteceu e a veemência dos fucks praguejados é a medida da impotência de todos é a única coisa a que pode aspirar a "Intelligence". Talvez que a teoria dos jogos possa, afinal, explicar tanta ineficiência.
Nesse sentido, uma comédia como esta vai muito mais longe do que a crítica tradicional do poder da CIA ao denunciar o seu fundamental anacronismo.
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