Pyotr Chaadaev (1794/1856)
"(...) Chaadaev interrogava-se, com efeito, sobre se os russos, tão tarde entrados no banquete das nações e ainda jovens, bárbaros e inexperientes, não teriam por isso mesmo certas vantagens - vantagens, de resto, esmagadoras - por comparação com as sociedades mais antigas e mais civilizadas."
"O Poder das Ideias" (Isaiah Berlin)
Autor duma famosa "Carta Filosófica" e arauto das ideias ocidentais, Chaadaev mostra-se aqui duplamente filósofo, ao admitir que podemos sempre aprender com os erros dos outros (sobretudo se nos parecem mais adiantados) e que há, às vezes, um lado positivo no objecto da nossa crítica, que pode resultar numa verdadeira oportunidade.
Mas para tal é necessário abandonar a demonização do adversário político e as utopias de refundação.
Pudemos ver, em Portugal, como a experiência doutras latitudes e as interpretações históricas a que deram azo acompanharam o nosso "processo" como uma espécie de "cábula", umas vezes acelerando, outras travando, ou poupando-nos alguns becos-sem-saída.
E com o golpe de asa de parecermos originais, a ponto de iludir, por um tempo, um homem como Sartre...
De resto, é a atitude de Chaadaev que nos permite ter alguma esperança em relação a esse gigante que entra agora em cena e que já não pode ter a inocência dos que o antecederam: a China.
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