segunda-feira, 16 de julho de 2007

A CRISE DA CRISE


http://www.patrickthorne.com


"A experiência demonstra-nos ainda que os nossos avós se enganaram ao crerem numa possível divulgação das luzes, pois o que hoje em dia atinge, pela divulgação, as massas, não é mais que miserável caricatura que, longe de servir de molde às suas capacidades de raciocínio, as habituam à credulidade. A própria arte é atingida pela alienação geral, que, privando-a de público, lhe corrompe a própria inspiração."

"Opressão e Liberdade" (Simone Weil)


Simone escreve no contexto de um "triunfo dos movimentos autoritários e nacionalistas", em 1934, e de crise económica e social, em que o trabalho é sentido como "um privilégio ocasionalmente concedido pela sorte, privilégio de que outros seres humanos são excluídos a nosso favor" e os próprios chefes de empresa perderam a "ingénua crença num progresso económico ilimitado".

Toda a crise se apresenta como o momento privilegiado duma leitura esclarecedora (como quando se trata duma doença), que identifica os vários nós do problema, e as tendências latentes encontram nela toda a visibilidade possível.

O diagnóstico de Simone Weil, pouco antes da segunda grande guerra tem, no entanto, uma estranha familiaridade com o que hoje ainda se pode pensar.

Mas o caso é que não são o autoritarismo, nem o nacionalismo que abalam a nossa esperança na "democracia e no pacifismo".

É actual (sê-lo-á necessariamente?) a crítica da divulgação do conhecimento e da situação da arte.

Porém, de que crise económica podemos falar, a não ser na acepção duma crise consubstancial ao capitalismo?

No entanto, tal como nos anos trinta, o trabalho é, cada vez mais, visto como um privilégio...

0 comentários: