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"A burocracia é sem dúvida o fenómeno mais notável, mas certamente não o único a caracterizar a evolução estrutural recente do sistema político. A democratização da formação da vontade política e a inclusão activa e passiva do conjunto da população no sistema político conduziram a passar dum impedimento dos desvios a um reforço dos desvios, ou ainda dum feedback negativo a um feedback positivo. O Estado democrático orienta-se segundo as necessidades da população e esforça-se por melhorar a sua satisfação pela institucionalização da concorrência para o acesso ao poder (...). Isso tem por consequência o aumento do número das próprias necessidades assim como das expectativas do público, e acaba-se por esperar do Estado prestações que são impossíveis de realizar tecnicamente com os meios da política, na ocorrência pelas decisões colectivas constringentes."
"Politique et complexité" (Niklas Luhmann)
O conceito de sistema, que passou a ser usado a propósito de tudo e de nada, pode ter desenvolvimentos surpreendentes.
Considerado como um sistema cibernético, o Estado e a burocracia, a sua forma específica de organização, só conseguem reproduzir-se, segundo Luhmann, graças a uma teoria auto-referente que integre todos os desvios possíveis.
Mas a população concebeu a peregrina ideia de que o Estado existe para a servir a ela, e daí que as suas necessidades, por não serem geradas no espírito daquela teoria, entrem em conflito com o sistema político, o qual deixa de ser estável.
E então? Luhmann sugere que o realismo está do lado dos sistemas e que a democratização imporia desvios ingeríveis, por "falta de medida".
Esses desvios só encontrariam um limite na falta de recursos.
Mas por aqui se vê que nunca estivemos no reino da economia, porque a própria abundância de recursos não parece prometer qualquer estabilidade.
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