segunda-feira, 2 de julho de 2007

O DISCURSO DO DIVÃ


O divã de Freud

"Quando um ser vos escuta de facto, realmente, desperta em vós pensamentos totalmente novos. O trabalho do psicanalista consiste então em resistir ao seu doente; o quer que diga este último, o resultado, tal como o inabalável decreto do destino, é já conhecido."

"Le territoire de l' homme" (Elias Canetti)


Se a interpretação é o único modo de conhecermos um pensamento vivo, a psicanálise simplifica essa interpretação, enquadrando o seu objecto num catálogo de experiências.

Quanto mais se enriquece esse catálogo, menos evidente é a captura da palavra do doente num estereótipo.

"O próprio Freud provavelmente escutou muito, sem o que não teria podido enganar-se e transformar-se a este ponto." (ibidem)

A situação é a de se pôr o doente a tentar falar a língua do médico para se compreender a si mesmo.

E é claro que é esta hierarquia que pode levar o doente a confiar no diagnóstico. Como a magia vem muito ao caso, as virtudes duma verdadeira escuta são talvez irrelevantes.

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