"A Escola de Atenas"(pormenor) de Rafael
"Este tipo de saber (o saber socrático) tem em comum com as matemáticas isto: é que, embora partindo de vários fenómenos concretos perceptíveis pelos sentidos e que representam o que se investiga, não está de per si encravado dentro do campo do perceptível. Só o espírito pode captá-lo, e o órgão que o capta é o logos. Sócrates explica-o a Menon, fazendo com que o escravo dele, um homem novo sem qualquer cultura, embora não desprovido de talento, descubra por si próprio, na presença do seu senhor, e mediante as perguntas apropriadas, a regra do quadrado da hipotenusa, à luz de uma figura toscamente desenhada."
Este momento único na obra de Platão, redime o filósofo de todos os seus preconceitos aristocráticos.
O pequeno escravo é chamado a testemunhar contra os fundamentos da sua condição social.
Antes do Cristianismo tornar os homens irmãos uns dos outros, esta igualdade que o "Menon" esplendidamente reconhece abre o caminho da liberdade para todos.
E o papel que aqui é atribuído ao Logos tem já em si o gérmen do grande hemisfério idealista.
Estes dois aspectos são, de facto, inaugurais; parecem anunciar que a natureza e o materialismo por si sós não podem explicar a ideia duma só humanidade.
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