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A distinção apaga todos os juízos de valor que formam a psicologia duma secção. É como se um manto nos caísse sobre os ombros, tornando-nos irreconhecíveis. Tenta-se manter a mesma atitude e não mudar em nada, mas os outros esperam um sinal vindo doutra direcção. O silêncio de todos os dias passa a ser “caixinha”, ou gravidade prenunciadora dum distanciamento. Assim, a cortesia nos aliena das antigas amizades e o salto hierárquico é significado pela lei humana. Porque é irrelevante a violência interior e a complexidade moral da aceitação das honras. Não pode haver mistura para salubridade da inteligência. O silêncio, a atitude pacífica fazem-nos alinhar pelo princípio contrário. Seria preciso o escândalo e a indignação para conservar o direito ao estado anterior. Novas amizades se esboçam que repugnam ainda a quem gostou sempre de ser soldado raso.
À falta de galões, os homens mudam a expressão e a continência. A autoridade precisa de se impor pela aparência apenas. Daí o ar carrancudo de alguns chefes; eles têm medo de que o respeito falte se forem naturais. Mas nenhum homem se aceita como chefe sem as marcas da autoridade. É preciso que o trabalho, que é violência civilizadora contra si próprio e disciplina moral, se inspire no espectáculo dum homem exilado da pessoa e do mundo natural dos justos. Porque toda a parcela do poder tem o ricto da necessidade inflexível e do juiz que tem de julgar as acções só e os resultados. No aspecto do chefe aparecem as paixões no pelourinho e a ofensa também.
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