segunda-feira, 9 de julho de 2007

ILUSÃO DE ÓPTICA


Nicolau Copérnico (1473/1543)


"A evolução da vida na Terra, ou da sociedade humana, é um processo histórico único. Podemos pressupor que esse processo se vai desenrolando em conformidade com toda a espécie de leis causais, por exemplo, as leis da mecânica, da química, da hereditariedade e da segregação, da selecção natural, etc. No entanto, a descrição do processo não é uma lei, mas apenas um enunciado histórico singular."

"A Pobreza do Historicismo" (Karl Popper)


Depois de nos termos libertado, no século XVI, com Copérnico, da ilusão geocêntrica (fundada na intuição e na certeza dos sentidos), temos agora um avatar do século XIX para vencer.

O processo histórico pode sugerir uma evolução, mas para ser uma lei precisaria de se poder repetir, dadas as mesmas circunstâncias. Ora, a única "repetição" possível é a que está associada ao dito de Marx sobre a tragédia que, na história, se repete como farsa.

Nem do sistema solar podemos deduzir qualquer lei. A aparência da repetição é apenas devida ao relativo isolamento no espaço da nossa estrela, que torna o seu sistema aparentemente "estacionário", sobretudo se medirmos esse estado pelo tempo da humanidade.

Popper cita H.A.L. Fisher ("A Study of History"): "...A realidade do progresso está bem patente nas páginas da história; mas o progresso não é uma lei da Natureza. O terreno conquistado por uma geração pode ser perdido pela seguinte."

E uma ilustração desta ideia pode ver-se no programa "O Futuro é Selvagem", em que a Natureza voltará a baralhar o jogo, como se se tivesse esquecido do homem.

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