Jules Michelet (1798-1874)
"Era necessário que a Revolução, se acaso queria durar, se apoiasse, como a contra-revolução fazia, não exclusivamente nos sentimentos, que são instáveis no homem, mas no empenhamento fixo dos interesses, no destino das famílias comprometidas, pela sua fortuna, na causa revolucionária, decisiva e irreversivelmente.
Era o que a Assembleia Constituinte tinha visado com a venda dos bens nacionais."
"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)
Este bom senso revolucionário reconhecia, assim, o primado das condições materiais na existência humana, muito antes do marxismo o ter estabelecido como uma das leis do processo histórico. E isso não era mais do que a sabedoria das nações.
É preciso entender a originalidade de Marx no contexto do hegelianismo dominante no seu tempo e do qual se pretendia distanciar, embora lhe devesse a ideologia da dialéctica.
O acento no económico como instância determinante deve compreender-se exactamente como o contraponto da revelação na História da Ideia Absoluta.
A teoria da última instância tornou-se infelizmente uma espécie de gazua filosófica. Aplica-se tanto para explicar como o interesse económico é, no fundo, o objectivo das guerras, quanto, no caso de se demonstrar o empobrecimento de todos em consequência da guerra, a transferência do móbil económico para os que de qualquer modo lucram com a reconstrução a partir das ruínas.
O que é um pouco como responsabilizar os abutres pelo facto de haver carcaças.
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