quarta-feira, 18 de julho de 2007

TABULA RASA


Niklas Luhmann (1927/1998)


"Todavia, o pessimismo de autores como Max Weber, Theodor Adorno ou Arnold Gehlen a propósito do devir da sociedade moderna, antes de motivar um discurso de resignação ou de fuga em direcção a uma improvável "post-modernidade", deu lugar a um incontível prazer teórico em Luhmann. Porque se trata realmente de um prazer, o leitor convencer-se-á disso, no amor pela abstracção e na satisfação permanente do autor."

(Jacob Schmutz, apresentando Niklas Luhmann)


Parece fora do lugar esta referência ao prazer que a teoria proporciona ao autor. Em princípio, nada designa a abstracção como fonte especial de contentamento.

Neste caso, parece existir por detrás desse sentimento a consciência de ter criado uma sociologia "iconoclasta" quase de raiz:

"levantar o desafio de pensar a complexidade duma sociedade que se caracteriza justamente por uma desumanização crescente, tanto nas relações de poder, como na sua organização económica, no seu sistema jurídico e até nas suas relações amorosas."

Em vez de se estudarem os impasses que o desenvolvimento económico e tecnológico impõem a uma sociologia do homem, inspirar-se nas ciências de ponta, como a biologia e a cibernética, para tornar irrelevante o problema da desumanização.

Isto podia ser ilustrado por um adágio como este: senão podes vencer o sistema, junta-te a ele.

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