Paul Ricoeur (1913/2005)
"Assim a ficção pode contribuir para a aprendizagem do morrer. A meditação da Paixão do Cristo acompanhou deste modo mais de um crente até ao último limiar. Quando F. Kermode ou W. Benjamin pronunciam a este respeito a palavra "consolação", é preciso não falar depressa de mais no engano de si mesmo. Enquanto contra-desolação, a consolação pode ser uma maneira lúcida - lúcida como a catharsis de Aristóteles - de trazer a luto de si próprio. Aqui uma troca frutuosa pode instaurar-se entre a literatura e o ser-para (em relação com)-a-morte."
"Soi-même comme un autre" (Paul Ricoeur)
O que não seria lúcido era escolher morrer como um animal ou o selvagem (mas este recorre à simbolização da morte presente na sua cultura).
No teatro, vemos, sem paixão, os nossos males representados. O que nos dá algum poder sobre eles, poder que é um pouco o mesmo de podermos nomear uma doença.
O espectador que levasse a sua crítica das ilusões ao ponto de recusar o benefício das que se oferecem como tais, não devia ir ao teatro.
A morte, tal como o sol, não se pode olhar de frente (La Rochefoucauld).
A literatura e os mitos são as lentes fumadas que no-lo permitem.
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