"Foram estas inovações nas ciências morais e políticas que, ao tornarem possível a economia de mercado a grande escala, criaram as condições de possibilidade do avanço das ciências da natureza e das tecnologias."
"O que é o Ocidente?" (Philippe Nemo)
Nemo diz também que o conceito de revolução industrial induz em erro porque "leva a crer que a causa do desenvolvimento económico teria sido a indústria e a técnica enquanto tais, ao passo que, pelo contrário, foi o desenvolvimento da economia de trocas que tornou possíveis a inventividade técnica e o crescimento da indústria."
E ainda "muitas invenções cujo princípio tinha sido indubitavelmente descoberto na Antiguidade "dormiram", depois, durante longos séculos sem nunca se traduzirem em produções técnicas concretas."
Nesta teoria realça-se que o verdadeiro motor foi "o aparecimento de condições morais e sócio-políticas novas". Pensemos no papel da famosa ética protestante na origem do capitalismo ou do efeito contrário da moral cristã.
A expansão portuguesa dos séculos XV e XVI é vista, muitas vezes, como uma oportunidade perdida em termos económicos, mas o seu sucesso ou insucesso deveria antes ser comparado com o nosso triste destino caso encontrássemos, na altura, pelo lado do mar, outros Pirinéus físicos ou mentais. A revolução das mentalidades valeu bem uma possível falta de sentido prático.
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