Ulisses e Polífemo |
É quase sobre-humana esta capacidade
de Ulisses. No momento do perigo, temos de confiar mais nos instintos, e a
maior parte das vezes nem nos é dado o tempo de reflectir.
Ulisses prefere passar por cobarde, e
preparar as forças e os estratagemas.
Nasceu para enganar os mais simples e ingénuos, como Polífemo.
O espírito retira-se para encontrar a
ordem e a harmonia, o domínio da linguagem e da memória. Marvin Minsky diz que,
no momento em que pensamos, não sabemos como pensamos e, logo, que não se pode falar duma
verdadeira consciência. A comparação com a máquina (embora mais complexa do que
todas as que podemos construir) está sempre presente.
O certo é que a abertura ao mundo
produz o efeito duma sobre-exposição fotográfica no pensamento
"coincidente", o qual tende a transformar-se num epifenómeno dos
sentidos. Só pensamos fora da experiência e depois dela (como a Minerva de
Hegel).
Ulisses é o primeiro indivíduo (no sentido moderno), antes
do individualismo.
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