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"Se
já sabes tudo, não fales,
mantém-te em silêncio;
se já sabes tudo, não ajas, mantém-te
quieto."
"Uma
viagem à Índia" (Gonçalo M. Tavares)
É o que diz a sabedoria antiga. E é
como se só o erro e as paixões fossem combustível para o motor da história e
para o destino da humanidade.
A planície onde se encontra Er, no
mito de Platão, é o lugar onde tudo se repete, e as almas, de facto, não
escolhem vida futura nenhuma. Quanto mais se conhece a trama em que nos
enredamos, com mais razões nos deparamos para não agir e permanecer em
silêncio. Só mesmo a ideia dum Deus pessoal, que acolhemos no segredo da
intimidade, podia resolver este paradoxo de não sabermos nada e agirmos como se
soubéssemos tudo.
Não se pode viver, é certo, na
quietude e na anulação de todas as nossas forças, enquanto elas existem.
Por isso, a história de S. Francisco
ou a de Santo Agostinho são exemplares. Porque primeiro "erraram"
abundantemente. E só depois encontraram a sabedoria.
A história de qualquer povo mostra-nos
a "malha" em que esse povo é tecido e como a força das suas ilusões é essencial para qualquer movimento.
A maior das astúcias da razão é a
humildade socrática. Saber que não sabemos abre-nos o mundo.
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