(Helmut Schmidt) |
"(...)
Penso ser para nós alemães decisivo que quase todos os nossos vizinhos – e para
além disso quase todos os judeus no mundo inteiro – se recordem do holocausto e
das infâmias que aconteceram durante a ocupação alemã nos países da periferia.
Não está suficientemente claro para nós alemães que provavelmente entre quase
todos os nossos vizinhos, ainda por muitas gerações, se mantém uma desconfiança
contra os alemães."
(Helmut
Schmidt, em 4/12/2011, no Congresso do SPD)
O antigo chanceler alemão, a propósito
da crise europeia, lembra a verdade histórica e a verdade moral em que a
Alemanha surge à pior luz possível.
Sendo o sentimento de culpa uma das
molas mais activas da cultura judeo-cristã, Helmut Schmidt, apesar de
nonagenário, está certo de tocar uma corda sensível em quem o escutou e em quem
o lê.
Se a memória dos homens, com os seus
lapsos e a "hibernação" egoísta a que nos habituou ao longo da
história, fosse ainda a mesma, o sobressalto moral que pretendeu provocar com o
seu discurso de Berlim, tinha algumas probabilidades de acontecer.
Mas a memória dos homens está a passar
para todo o género de suportes, para uma "nuvem" que, só ela, deterá
o sentido da história, e essa tendência não pode deixar de ser acompanhada por
uma alienação, muito diferente da descoberta por Marx. Se um "apagão"
geral nos roubar essa memória, é o homem que será "descontinuado".
O chanceler tem toda a razão, mas já
não se confronta só com a memória curta dos povos. Como se pode responder
identitariamente com um arquivo sem medida humana e com esta nova “insustentável
leveza”?
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