"Este
é um daqueles casos em que o devedor tem poder sobre o credor."
(J.M. Keynes, sobre a dependência dos
EUA em relação aos seus devedores durante a 1a. Guerra Mundial, citado por Reinhard Blomert)
O dinheiro fácil corrompe, é certo,
porque não tem base económica e gera dependência, como aconteceu connosco que
utilizámos esses dinheiro para fomentar as exportações dos países que agora nos
querem impor a lei de Shylock, a da libra de carne tirada do nosso corpo.
Tiradas como a do vice-presidente da
bancada socialista, que já vê tremer as pernas da Alemanha, são basófias de
sapo antes de rebentar. Mas respondem às emoções mais profundas de certos
auditórios.
De
Poitiers, lugar duma célebre batalha em que o galo francês perdeu a
crista, contra o "Príncipe Negro", no século XIV, o
homem talvez mais odiado por metade de Portugal, cometeu uma "gaffe" política na qualidade de
particular, e julgou-se obrigado a justificar-se diante do tribunal mediático.
O "frisson" não distraiu ninguém das malfeitorias que estão a ser
feitas para o bem de todos.
Mas a frase de Keynes não deixa de ser
actualíssima. À medida que a inoperância dos líderes da UE transfere poder para
os coveiros do euro ( a que se juntou, por despeito, a "pérfida
Albion", com o seu plano de emergência para os súbditos em Espanha e
Portugal ), são também mais visíveis as consequências desastrosas para todo o
mundo, sem mercê para os próprios credores. E sabe-se por que triste razão as
janelas de alguns arranha-céus de Nova Iorque ficaram famosas.
Se este não é um caso que pede a união
dos devedores para fazer valer a interdependência de uns e outros, longe de
qualquer retórica sobre a virtude e o vício dos povos (afinal para cada corrompido há sempre um
corruptor), resta-nos esperar (sentados) pelos émulos pátrios dos burgueses de
Calais que propuseram ao pai daquele Príncipe Negro, em troca das suas vidas,
que a cidade fosse poupada.
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