A igreja de S. Simpliciano, em Milão |
"Simpliciano
elogiou-me por eu não ter tropeçado nos escritos de outros filósofos, cheios de
falácias e engano, 'atrás dos miseráveis elementos deste mundo', enquanto que
nos Platonistas, a cada volta, o caminho leva à fé em Deus e na sua Palavra."
"Confissões"
( Santo Agostinho)
É o maior filósofo da Igreja que
"recupera" para o Cristianismo, um Platão precursor, espécie de
Baptista a anunciar a vinda de outro maior do que ele.
Com isso, não fez mais do que outros
doutrinários, estabelecendo, 'a posteriori', as origens remotas de, por
exemplo, o materialismo.
Mas a teoria das Ideias platónicas,
fazendo deste mundo e dos seus "miseráveis elementos" uma aparência
da realidade de que só o filósofo que emergiu da célebre Caverna pode ter a
experiência "ofuscante" (pois a partir dela fica incapaz de ver o
mundo como era dantes - é verdade que recebe, ao mesmo tempo, uma missão de
libertar os outros e de se habituar de novo às sombras), é fundamental para a
separação entre a Igreja e o mundo.
A Natureza não seria, então, uma
epifania, mas um lugar de exílio, e o próprio corpo uma prisão. Com a força de
propulsão de um foguetão, a filosofia grega fez descolar um cristianismo
incipiente, para o melhor e para o pior.
Tudo isto é problemático e, de certo
modo, exterior ao fenómeno religioso. A prova é que o "dolorismo" e a
"morte para o mundo" tiveram o seu tempo, mas são hoje temas menores.
Por isso a influência do platonismo,
se dotou a doutrina de alguns dos seus fundamentos filosóficos,
condicionou a vida religiosa num sentido
para fora do mundo que não saberíamos
dizer se faz parte da força ou da fraqueza da Igreja.
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