Dois amigos dirigem-se para os respectivos carros estacionados, um de
cada lado da rua. Ao passarem pelo carro mais próximo, o proprietário dá-lhe
uns chutinhos num pneu.
Este gesto já foi observado tantas
vezes que deve ter um significado qualquer. Não, o pneu não precisava de ar.
Embora eu não tivesse percebido as palavras pronunciadas, julgo que estamos
perante aquilo a que a teoria da "Gestalt" chama de um todo.
Só compreenderemos aqueles chutinhos
no pneu se não pensarmos que é motivado por um fim útil ou demonstrativo.
Parece uma conversação a três, os dois amigos e o carro. Tem a forma do passar
a mão pela cabeça duma criança, despenteando-a. Com a nuance de desprezo que
merece a coisa mecânica.
0 comentários:
Enviar um comentário