"Poesia" (2010-Chang-dong Lee) |
Uma sexagenária, Soon-mi (Ahn
Nae-sang), com os primeiros sintomas de Alzheimer, toma conta dum neto obtuso num subúrbio de
Seul. A certa altura, decide inscrever-se num desses cursos para ocupar os
velhos e os desempregados, porque quer aprender a escrever um poema. Não é
fácil. A "inspiração" não cai do céu e os vizinhos não compreendem
que precise de falar com as árvores.
Entretanto, sabe que o neto faz parte
dum grupo da escola que violou uma colega, levando-a ao suicídio. Os pais
desses rapazes querem, para abafar o caso, dar uma indemnização à mãe da jovem.
Soon-mi não tem os 5 milhões que lhe pedem pela sua parte da indemnização e,
como último recurso, pede-os a um velho doente a quem fazia a higiene. Este
inválido fizera-lhe, tempos atrás, um pedido que a escandalizara: ajudá-lo
(mais um comprimido de Viagra) num último orgasmo "antes de morrer".
Mas depois o suicídio da jovem e o
progresso inexorável da sua própria doença fazem-na reflectir e ceder.
São todas estas peripécias que lhe permitem,
no fim, escrever o seu poema. Com a abertura de espírito para a "inspiração"
e o seu esforço de atenção dedicado à
natureza e ao quotidiano consegue encontrar a "graça" com que agiu
nalguns dos momentos mais difíceis da sua vida e, ao mesmo tempo fazer poesia.
Afinal, talvez esta seja, acima de
tudo, o sentimento duma experiência mais pura e decantada. E mesmo a forma não
é ingénua nem deixa de ser. É a forma perfeita para aquele coração.
1 comentários:
Espantoso filme com um comentário a condizer.
Maria Helena
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