Zeus e Tétis (Ingres) |
“Zeus
não é nunca desajeitado, pela única razão de não fazer questão em se manter
digno. ‘Non
bene conveniunt nec in una sede morantur Maiestas et amor.’(Ovídio)”
Roberto
Calasso (“Les noces de Cadmos et Harmonie”)
Contudo, vemos que
Ingres, quando pintou a mãe de Aquiles intercedendo pelo filho e tocando os
joelhos do Senhor do Olimpo, representou este em toda a sua majestade.
E é o mesmo deus que
se “rebaixa” ao carnaval dos animais, disfarçando-se de touro ou de cisne,
quando não, deixando o reino animal, se materializa em ouro como na história de
Danaé.
É como se o amor
fizesse parte da necessidade, a que deuses e homens se têm de submeter, de tal modo que o
Supremo, ao perseguir uma mortal, abandona, como uma criança traquinas, o seu
papel oficial para se entregar à mais feliz das irresponsabilidades.
A dignidade de Zeus
no seu trono não é afectada por estas escapadas amorosas, porque ele assume a
metamorfose sem nenhum vestígio de culpa.
O politeísmo decerto
correspondia a uma outra estrutura do ego.
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