Teatro de Dodoni |
“(…)
o ponto decisivo é que a tragédia não lida com as qualidades dos homens, a sua poiotes, mas com o que acontece com as
suas acções e a sua vida, com a boa ou má sorte. (…) O conteúdo da tragédia não
é o que poderíamos chamar de carácter mas a acção ou o enredo.”
(Hannah Arendt, citada por Jacques Taminiaux in “The
Thracian Maid and the Professional Thinker”)
Analisando o drama,
entre os Gregos, a partir da “Poética” de Aristóteles, Arendt diz que o teatro
é a arte política por excelência e que, ao imitarem a acção dos heróis,
repetindo o que está escrito, os actores veiculam o significado “não tanto da história em si, mas dos heróis
que nela se revelam.” Enquanto que ao coro caberia a exposição do
significado directo e universal do enredo da peça.
Os homens não podem
representar-se a própria acção (as relações de uns com os outros) a não ser no
teatro. Mas vemos que nem a psicologia nem a personalidade parecem representar aqui
qualquer papel.
Por um lado, o coro
extrai a “moral” da história, em que a necessidade faz sempre valer os seus
direitos. Por outro, ao nível das personagens, os actores são mais funções do
que indivíduos e qualquer um pode envergar a máscara. Aqui, é a ignorância e o
acaso que prevalecem. O herói não sabe “com que linhas se cose”, nem como
defender-se do erro que fará precipitar a tragédia. Esta situação, mediada por
palavras e actos, é a fonte das histórias.
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