quinta-feira, 3 de março de 2011

PLATÃO E ARISTÓTELES


A Escola de Atenas (pormenor), de Rafael



O segundo foi considerado o Filósofo por antonomásia, durante a Idade Média, mas, com o Renascimento a Europa redescobriu o primeiro e quanto nas suas ideias era essencial a uma concepção plenamente espiritual do Cristianismo. O interessante é que agora, sobretudo depois dos estudos de Hannah Arendt, entre outros, é o Estagirita que parece estar mais perto de nós e ter mais coisas a dizer-nos sobre a nossa própria época. Popper já tinha observado que a República de Platão é o modelo de todo o Estado totalitário e seria difícil não estar de acordo com ele se o filósofo fosse tão directo e tão transparente como queriam que ele fosse. Mas Platão é tanto mais obscuro quanto parece mais claro. Simone Weil, por exemplo, pensava que a República é um modelo da alma individual e não um modelo político. 

De qualquer modo, a actualidade de Aristóteles, a sua compreensão da sociedade política, tão de acordo com o nosso pensamento sobre a democracia e a acção, é um exemplo de como cada época lê os autores como pode. Tudo o que hoje vemos, por exemplo, nos conceitos de phrõnesis, práxis e poiesis, sempre existiu desde que Averróis e os outros sábios árabes nos devolveram a filosofia antiga, mas a Igreja Católica e mesmo Tomás de Aquino leram os textos sob a perspectiva medieval. É só agora que os podemos compreender, na perspectiva que nos interessa...

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