segunda-feira, 21 de março de 2011

A RAZÃO IMPLÍCITA

"Ecce Homo" (Antonio Ciseri)


“Si non esset hic malefactor, non tibi tradissemus eum.”


(Evangelho de S. João)


De Anás para Caifás e deste para Pilatos. Pilatos pergunta de que é acusado Jesus, e os que o trazem, em vez de responder direito, empregam um sofisma: “Se não fosse malfeitor, não to entregaríamos.”

Os judeus não são, oficialmente, o poder, mas com esta resposta ao lado mostram que têm o poder de julgar  e, de facto, de condenar à morte. Pilatos resigna-se a “lavar as mãos” quanto ao assunto.

Toda a prepotência do mundo está contida naquela “razão” implícita. O prisioneiro é culpado, e a prova é que é levado ao tribunal-fantoche. Desde a fogueira que queimou Joana D’Arc aos processos de Moscovo dos anos trinta, ou ao internamento psiquiátrico dos dissidentes na mesma URSS, a lógica é a mesma: a “Pucelle” é condenada como feiticeira porque a Inquisição e os Ingleses a julgam, e já estão fora da História ou da Razão os que se apresentam diante dos zeladores da linha do partido.

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