quarta-feira, 16 de março de 2011

UM DIPLOMATA

Andrei Gromyko (1909/1989)


“A relativa abertura e franqueza de Shevardnadze faziam um espantoso contraste com o estilo político de Gromyko. Gromyko – que herdou a alcunha de ‘Sr. Nyet’, primeiro aplicada ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Staline, Vyacheslav Molotov – jogava com as suas cartas tão junto ao peito que uma vez fez uma pausa cuidadosa antes de responder a um diplomata ocidental que lhe tinha perguntado se tinha almoçado bem, com um não-comprometedor ‘talvez’”.

“The Gorbachev Factor”  (Archie Brown)



Se o rei, numa imagem célebre, está impedido de movimentos bruscos pelo peso da coroa, um diplomata como Gromyko devia sentir a responsabilidade duma superpotência com o seu arsenal nuclear e a exposição do seu país às ogivas do inimigo.

Mas foi este homem prudente em extremo que deu um apoio não menos decisivo do que surpreendente à eleição de Michael Gorbachev como secretário-geral do partido.

O convívio com o inimigo devia ter feito o seu caminho e tê-lo libertado das mais crassas ilusões da propaganda. Ainda assim, Gorbachev não confiava nele o suficiente para a sua reforma e substituiu-o pelo antigo secretário-geral do PC georgiano.

A imagem tem tanta importância na política que ninguém acreditaria numa conversão à democracia do Sr. Nyet.

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