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“Mas,
eu, Fedro, penso que essas explicações são em geral muito bonitas, mas são
invenções dum homem muito esperto e laborioso mas de nenhum modo invejável, só
por uma razão é que ele precisará de explicar as formas dos Centauros e depois
as da Quimera, então uma multidão de criaturas como essas se seguirão, Górgonas
e Pégasus, e multidões de naturezas estranhas, inconcebíveis e portentosas. Se
alguém não acreditar nisto, e com uma espécie de sabedoria rústica se der ao
trabalho de explicar cada uma de acordo com a probabilidade, precisará de muito
vagar. Mas eu não tenho nenhum vagar para
essas coisas; e a razão, meu amigo, é esta: eu ainda não sou capaz, tal como
diz a inscrição délfica, de me conhecer a mim mesmo;”
“Fedro”
(Platão)
O “conhece-te a ti
mesmo”, a famosa divisa do oráculo de Delfos, ponto de partida dum
recentramento no indivíduo que durou séculos, com a ideia cristã da salvação
pessoal, bem vistas as coisas, é tão
estranha ao mundo moderno como o era para os contemporâneos de Sócrates.
Porque, não é
verdade, o individualismo é outra coisa. Não pretendemos que o conhecimento de
nós mesmos seja tão importante como conhecer os “Centauros” e as “Quimeras” de
domínios tão diversos como a economia ou a Física Teórica.
Talvez isso seja
assim porque, depois dos avanços das ciências sociais e reservado um lugar
dentro de nós para a incerteza com sede no nosso “inconsciente”, pensamos ter
esgotado o que havia para conhecer.
Se existisse uma nova
Delfos com o seu oráculo, seríamos exortados, já não a conhecermo-nos a nós
mesmos, mas a escolher o indivíduo que “queremos” ser.
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