domingo, 6 de março de 2011

O JULGAMENTO PELA HISTÓRIA





Na série para a TV “Nuremberg”(2000), realizada por Yves Simoneau, o procurador Jackson (Alec Baldwim), preparando o seu discurso introdutório nesse tribunal extraordinário que pretendia julgar os crimes do nazismo, conversava com a sua secretária (Jill Hennessy) sobre o tom mais ajustado, decidindo-se, enfim, por o de uma “grandeza melancólica”.

Com isso, reconhecia a parte teatral do acontecimento, embora mais tarde esquecesse essa componente, insistindo nas provas documentais, até que um dos colegas lembrou que todo o julgamento era, também, um espectáculo, e os testemunhos vivos passaram a confrontar os acusados e os seus juízes com o que não se pode descrever e ultrapassa a compreensão humana.

Para lidar com o monstruoso em todo o seu horror, obra aparente daqueles vinte e um homens, representantes do regime a ser julgado, era preciso resolver primeiro o problema duma natural incredulidade porque, na verdade, esse grupo parecia não estar “à altura” dos crimes que lhes eram imputados.

Tanto a grandeza, pelo que significava para a humanidade esse julgamento inédito, como a melancolia pela insignificância dos criminosos eram justificadas.

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