Na série para a TV “Nuremberg”(2000),
realizada por Yves Simoneau, o procurador Jackson (Alec Baldwim), preparando o
seu discurso introdutório nesse tribunal extraordinário que pretendia julgar os
crimes do nazismo, conversava com a sua secretária (Jill Hennessy) sobre o tom
mais ajustado, decidindo-se, enfim, por o de uma “grandeza melancólica”.
Com isso, reconhecia
a parte teatral do acontecimento, embora mais tarde esquecesse essa componente,
insistindo nas provas documentais, até que um dos colegas lembrou que todo o
julgamento era, também, um espectáculo, e os testemunhos vivos passaram a confrontar
os acusados e os seus juízes com o que não se pode descrever e ultrapassa a
compreensão humana.
Para lidar com o
monstruoso em todo o seu horror, obra aparente daqueles vinte e um homens,
representantes do regime a ser julgado, era preciso resolver primeiro o
problema duma natural incredulidade porque, na verdade, esse grupo parecia não
estar “à altura” dos crimes que lhes eram imputados.
Tanto a grandeza,
pelo que significava para a humanidade esse julgamento inédito, como a
melancolia pela insignificância dos criminosos eram justificadas.
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