Marcel Proust
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"E como o hábito é de todas as plantas humanas, a que menos tem necessidade de um solo que a alimente para viver e que é a primeira a aparecer sobre a rocha na aparência a mais desolada, talvez que ao princípio fingindo a ruptura, se lhe tenha acabado por acostumar sinceramente, Mas a incerteza mantinha nele um estado que, ligado à recordação dessa mulher, se parecia com o amor."
"Du Côté de Guermantes" (Marcel Proust)
O hábito que é esse remédio, demasiado simples e ao alcance da mão, para ser levado a sério pelos apaixonados, acaba sempre por se impor, se lhe dermos o tempo necessário.
A outra ideia, mais complexa, é a de que a falta de uma decisão, o estado de incerteza, contraria o efeito do hábito.
O que se assemelha ao amor é, assim, uma inquietude que permanentemente levanta em nós a questão da nossa felicidade depender, como no passado, da outra pessoa.
1 comentários:
"É como se eu me dividisse em dois seres díspares, contraditórios, independentes, um que sabe seu trabalho de cor, que domina ao máximo suas variantes e meandros, que sempre tem certeza de onde pisa, e outro sonhador e febril, frustradamente apaixonado, um sujeito triste que, no entanto, teve, tem e terá vocação para a alegria, um distraído a quem não importa por onde corre a caneta nem o que está escrevendo a tinta azul que em oito meses ficará preta."
Esse trecho do Mario Benedetti faz pensar no diálogo proporcionado pela literatura. Um explica o nascimento do hábito e o outro o dá como ponto de partida, para encontrar o cidadão, já - definitivamente, será? - fragmentado.Embora todos apaixonados. Parabéns pela escolha do trecho. Abraços.
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