Rolf Hochhuth
A propósito da peça de Rolf Hochhuth, "O vigário", sobre a atitude de Pio XII em relação ao regime nazi, e referindo-se à resposta da Igreja, diz Hannah Arendt: "Há, em primeiro lugar, as palavras do cardeal Montini antes de se tornar Paulo VI: "Uma atitude de protesto e condenação (...) teria sido não só inútil, mas também prejudicial: é assim que devemos resumir a questão." ("Responsabilidade e Juízo")
Declarações deste tipo são, de facto, irrespondíveis. Nunca saberemos qual teria sido o efeito de uma denúncia das atrocidades nazis pelo papa.
As palavras de Montini são, assim, aquelas que melhor protegem a ideia de uma "infalibilidade", por actos ou omissões, procurando, ao mesmo tempo afastar a ameaça de uma polémica indesejável.
Mas a verdade é que, naquele contexto, o Vaticano se deixou talvez enlear por um pensamento táctico de comparação de forças, abdicando do que é mais próprio da missão papal.
E teria, certamente, merecido o juízo de Cristo sobre a figueira que não dava figos, mesmo fora da estação.
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