Nehru e Gandhi, dois reformadores do sistema de castas
"Quatro mil cristãos presos na Índia por pedirem o fim da violência contra minorias."
(Do "Público" de hoje)
O que se costuma chamar de a maior democracia do mundo convive com um problema que começa por ser de natureza religiosa e acaba por contaminar todos os aspectos da vida social. Esse problema é o dos "intocáveis" (Dalit, os "Harijan" de Gandhi). Embora nas áreas urbanas esteja em declínio, não deixa de representar um grave desafio às instituições democráticas a nível nacional. Os Dalit abrangem "cerca de um sexto da população indiana, que totaliza mil e cem milhões de pessoas. Apesar de haver quotas de emprego para as castas inferiores, estas continuam a ser vítimas de discriminação e de condições de vida degradadas." (jornal "O Público")
Esta situação não deixa de recordar a da escravatura negra na jovem nação americana, contra o espírito das leis constitucionais, questão que foi resolvida, como se sabe, através de uma guerra civil. Também a primeira democracia do mundo, a de Atenas, pôde viver com a mais radical das desigualdades e o próprio mundo ocidental moderno negou o direito de voto a metade dos seus cidadãos, até há menos de cem anos.
A grande diferença destes antecedentes históricos para o caso indiano é que a desigualdade não está nas leis (a não ser como discriminação positiva). É um facto que afecta "apenas" a esfera social e privada, o que nos impede de considerar injustificada a nomeação de uma sociedade destas de democrática.
Mas, como é óbvio, o conflito entre o político e a realidade social faz da democracia indiana, que afinal é um enxerto relativamente recente numa cultura antiquíssima, uma democracia paradoxal.
A rápida transformação dos costumes que geralmente acompanha o desenvolvimento económico e a chamada globalização resolverá eventualmente o problema dos "intocáveis", mesmo se à custa de uma ocidentalização descaracterizante.
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