Peter Sloterdijk
Na quinta-feira passada, pude assistir, em Serralves, à conferência de Peter Sloterdijk.
Depois de meia hora de espera, devido a problemas com a tradução simultânea (que continuaram a ditar o ritmo da sessão), o filósofo leu, para um anfiteatro repleto, as suas arriscadas conjecturas sobre o contemporâneo.
Muitas das ideias expostas fazem parte do seu livro "A Mobilização Infinita". Tirando as perguntas do moderador, não se levantaram, propriamente, quaisquer questões.
Mais do que a tirania do tempo (a somar aos atrasos), a originalidade do discurso deu à sessão o cunho de um espectáculo, com a palavra só de um dos lados da sala.
"Como, para a maioria das pessoas, é aborrecido ou avassalador lidar com o que é eminente, em regra não se chega à discussão, antes se fica pelas aversões ou pelas submissões." (Sloterdijk, "A Mobilização Infinita")
Vimos um alemão excêntrico atravessar o palco com as suas folhas e sentar-se no outro extremo, sem poder, nem com um ou outro apontamento humorístico, sacudir a aparente credulidade da sala.
E confesso que me chocou um pouco quando, respondendo à questão de saber se se considerava um pessimista, Peter Sloterdijk respondeu que não se podia dar a esse luxo.
Se compreendo que o verdadeiro pessimismo poderia levar ao fim de toda a tentativa de comunicação e que não haveria sequer lugar para o "pathos" da verdade ou da competência magistral, por outro lado, fica-se com a impressão de alguma inconsequência intelectual.
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