Uma árvore bonsai
"Já não há nobres, meu caro amigo, meta isso na cabeça. Eu conheci dois ou três, no tempo da minha juventude. Eram personagens ridículos, mas extraordinariamente caracterizados. Faziam-me pensar nesses carvalhos de vinte centímetros que os japoneses cultivam em vasinhos. Os vasinhos são os nossos usos, os nossos costumes. Não há família que possa resistir à lenta usura da avareza quando a lei é igual para todos, e a opinião juíza e senhora. Os nobres de hoje são burgueses envergonhados."
"Journal d'un curé de campagne" (Georges Bernanos)
O cónego de Motte-Beuvron é o autor deste discurso dirigido ao jovem pároco.
O castelão é seu sobrinho, por isso sabe do que fala, quando compara a nobreza daquele tempo aos "bonsai".
Os costumes estariam na origem dessa drástica redução social de algumas classes. Costumes que, em França, devem talvez mais à guilhotina do que à tesoura do podador.
Mas sabemos que noutros lugares não foi assim e, sobretudo, que hoje os costumes mudam tão depressa que só há classes-bonsai, miniaturas no Parque da Revolução.
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