domingo, 13 de maio de 2007

A PLATITUDE


Gravura de Massonet (1933): Debate e Consenso


"É que a ideia de consenso não precisa de fazer propaganda dispendiosa da sua validade; poderia, tranquilamente, baixar o orçamento da sua teoria e concentrar-se no ofício diplomático."

"A Mobilização Infinita" (Peter Sloterdijk)


O consenso, ou a filosofia dos diplomatas "limita-se à conciliação mínima de vozes dissonantes e a uma junção frouxa dos elementos que não se coadunam, isto no âmbito de um interesse específico pelo entendimento." (ibidem)

Esta filosofia exalta a superioridade de virtudes como "a clareza, a sinopse das matérias e a comunicabilidade" que são as que mais favorecem o acordo, sem se entrar nas questões vivas e mais profundas.

Por detrás desta atitude, está a ilusão de um mundo ordenado pela razão que não pode deixar de se impor ao comum dos homens.

Felizmente, ou infelizmente, assim como na ciência são as teorias pouco prováveis as mais interessantes, também na política o mais verdadeiro pode ser o menos consensual.

Evidentemente que o consenso tem um outro uso, menos aparentado com a boa educação, num partido leninista, por exemplo, porquanto aí visa mais libertar a vontade "colectiva" de entraves internos do que assegurar o entendimento.

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