Osíris, Ísis e Neftis
"A um e outro lado do Atlântico, nasceu uma indústria da consciência holística, que vive de plagiatos metafísicos. O que também se pode dizer de uma maneira mais amável; são incontáveis os contemporâneos que citam espontaneamente fontes dos começos da metafísica para articular aspectos do seu actual sentimento do mundo. Acham que têm de saltar por cima de milénios, se quiserem encontrar respostas que correspondam às suas perguntas."
"A Mobilização Infinita" (Peter Sloterdijk)
Não há dúvida de que os progressos da ciência e das suas aplicações técnicas, com o redimensionamento do tempo e do espaço, criaram a urgência de uma consciência da totalidade, pelo menos onde a ideia de Deus deixou de ter condições para se impor.
Por isso não é de admirar que se recorra ao arcaísmo metafísico do tempo anterior à "mobilização infinita" do Ocidente, quando tudo se podia pensar a uma escala humana, na perfeita imobilidade.
A explosão que se verificou depois deu lugar ao homem fragmentado, disperso como o corpo de Osíris.
É o reconhecimento desse corpo, a sua piedosa reconstituição que está por detrás deste fantasma da totalidade.
"Desde que aquilo que nos é mais alheio já não nos é mais estranho do que o antigo que nos é próprio, passa a ser manifesto a que ponto o nosso caminhar para o sem precedentes tornou disponíveis todas as reservas naturais e culturais do mundo antigo." (ibidem)
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