sábado, 12 de maio de 2007

O BURACO DA AGULHA


Georges Bernanos (1888/1948)

"- É preciso reflectir muito antes de falar da pobreza aos ricos. Senão, tornar-nos-emos indignos de a ensinar aos pobres, e como ousar alguém apresentar-se então no tribunal de Jesus Cristo?

- Ensiná-la aos pobres? disse eu.

- Sim, aos pobres. É a eles que o bom Deus nos envia em primeiro lugar, e para lhes anunciar o quê? A pobreza."

"Journal d'un curé de campagne" (Georges Bernanos)


Essa pobreza que significa hoje? E não é a Igreja a imagem de que não é ela a rainha na própria casa de Deus?

Mas Bernanos toca um outro problema que é o de como falar aos ricos, sem ser como um pró-forma, uma portagem que lhes abra o caminho do Céu, à custa de uma pequena ou grande espórtula ou de uma simbólica penitência (se fosse real, também não se alargaria o "buraco da agulha").

Como tratar com o castelão, o protector da paróquia, fazendo-lhe sentir não a responsabilidade, mas a sua condição maldita?

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