segunda-feira, 29 de agosto de 2011

UM TRAVÃO ÀS QUATRO RODAS

Leónidas Brejnev (1906/1982)


“Tal como em França em 1793, onde as secções e os distritos foram burocratizados pela divisão de funções e a lassitude dos seccionistas, assim a maioria dos militantes bolcheviques se tornou escrava do Estado Soviético por causa dum emprego. Neste período de desemprego e privação, o cartão de membro do Partido valia tanto como a segurança social. A selecção na base da fidelidade e da capacidade deu lugar à promoção do carreirista.”

“Staline”   (Boris Souvarine)




Nenhuma destas dificuldades podia ser inesperada para as cabeças do partido, e em “cada Congresso e em cada conferência, as mesmas frases, nunca traduzidas em factos, eram usadas para acalmar o mesmo descontentamento.” O que começa, para muitos, no entusiasmo, com o tempo e o cansaço acaba por parecer mais um embuste para sacrificar os mesmos de sempre. “A ‘grande iniciativa’, saudada por Lenine, do trabalho voluntário aos sábados, rapidamente degenerou em trabalho compulsivo e admitiu-se ser uma ilusão.”

Os primeiros anos da Revolução trouxeram, assim, a desorganização e a porção de caos que um corte com o passado sempre engendra. Na altura, os bolcheviques não podiam saber a que espécie de atrocidades deveriam mais tarde recorrer para assegurar o controle das coisas. Era uma ilusão que hoje já não nos podemos permitir.

Tiveram que aperfeiçoar a máquina do Estado nas suas funções mais repressivas. Pelo caminho, perderam o espírito dos “fundadores”, obrigados que foram a justificar os crimes com uma ideologia revista para o efeito.

Naturalmente, os carreiristas chegaram aos postos de comando e limitaram-se a partir daí a gerir um “status quo” que os privilegiava. Brejnev, que tanto gostava de  carros de desporto, limitava-se a “travar às quatro rodas”, impedindo qualquer mudança…

0 comentários: