"That uncertain feeling" (1941), de Ernst Lubitsch |
“É
verdade que se encontra em cada época toda a espécie de rostos; mas, de cada
vez, o gosto do dia distingue um do qual fará o rosto da felicidade e da
beleza, e todos os outros rostos, a partir daí, se esforçarão por se lhe
assemelhar; mesmo os mais feios se aproximam, com a ajuda da moda e dos
cabeleireiros; e só nunca o alcançarão aqueles rostos, nascidos para estranhos
sucessos, em que se exprime sem concessão o ideal de beleza real, mas
destronado, duma época anterior.”
“O Homem Sem
Qualidades” (Robert Musil)
Lembram-se do começo
de “That uncertain feeling”, em que Sebastian (Burgess Meredith) pergunta a Mrs. Baker (Merle
Oberon), eleita com Mr. Baker (Melvin Douglas), como um casal feliz, o que é a
felicidade? Nós sabemos que bastaram as alusões dum psicólogo e de um pouco de espírito crítico induzido para
desfazer essa fachada.
Mas que dizer do
rosto da época, a não ser que as épocas são cada vez mais curtas e que essa
espécie de ideal que muda tão vertiginosamente já há muito deixou de ser fruto
do acaso e da adaptação espontânea para se tornar um “output” da grande máquina
das imagens? O que interessa, pois, não é esse encontro entre a ideologia e a
imagem, mas o que o faz abortar, a crise desse outro “franchising”.
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