segunda-feira, 22 de agosto de 2011

EMPOLAMENTO

(Un notaire - Honoré Daumier)


Pierre-Emanuel d’Agostino (“O outro Baudelaire”) fala num “empolamento retórico de tabeliães apanhados pela doutrina”, a propósito da Revolução Francesa.

A retórica sempre teve um grande papel nos acontecimentos políticos. E foi um povo em que até os deuses eram políticos (ou políticos feitos deuses), como o Romano, que a desenvolveu de forma mais consequente.

As formas da linguagem utilizadas na sedução política são tanto mais eficazes quanto menos aparentes. Para a vaidade de Cícero ser ouvida como a virtude do orador, com paciência e proveito, era bem necessária a tradição e os exemplos vivos do fórum.

A levedura retórica da primeira revolução dos tempos modernos encontrou as condições ideais nas fórmulas dos advogados e notários que enxameavam as Assembleias e a Convenção, fórmulas que passaram, naturalmente, da “objectividade” das coisas e dos interesses para o domínio do “ad hominem” e da razão grandiloquente.

0 comentários: