(Un notaire - Honoré Daumier) |
Pierre-Emanuel
d’Agostino (“O outro Baudelaire”)
fala num “empolamento retórico de
tabeliães apanhados pela doutrina”, a propósito da Revolução Francesa.
A retórica sempre
teve um grande papel nos acontecimentos políticos. E foi um povo em que até os deuses
eram políticos (ou políticos feitos deuses), como o Romano, que a desenvolveu
de forma mais consequente.
As formas da
linguagem utilizadas na sedução política são tanto mais eficazes quanto menos
aparentes. Para a vaidade de Cícero ser ouvida como a virtude do orador, com
paciência e proveito, era bem necessária a tradição e os exemplos vivos do
fórum.
A levedura retórica
da primeira revolução dos tempos modernos encontrou as condições ideais nas
fórmulas dos advogados e notários que enxameavam as Assembleias e a Convenção,
fórmulas que passaram, naturalmente, da “objectividade” das coisas e dos
interesses para o domínio do “ad
hominem” e da razão grandiloquente.
0 comentários:
Enviar um comentário