domingo, 14 de agosto de 2011

DIVINAS MENTIRAS

Museu de Olímpia






“Os deuses e alguns mortais podem ser virtuosos da mentira, fabricantes de contraverdade, por amor à arte da palavra ( termo fundamental e fugidio) e da força intelectual posta em jogo. (...) O mundo clássico documenta abundantemente o facto de os gregos tenderem a encarar a mentira de um ponto de vista estético e desportivo.”

“Depois de Babel” (George Steiner)



Mas não era a situação natural no politeísmo, quando a palavra de um deus podia ser desmentida pela de outro? Os ciúmes de Hera não levavam o próprio Zeus a recorrer ao disfarce e ao embuste?

Podemos julgar essa religião em termos históricos e hegelianos como momento anterior, por desenvolver, do monoteísmo, que seria o estádio superior da Razão, ou procurar outro paradigma.

O monoteísmo é uma espécie de globalização frustrada ( as várias religiões subsistem separadas, por traduzir num único Deus).

Talvez que a maravilhosa liberdade do pensamento grego não fosse possível sem a divisão dos deuses e sem a irrupção do mais rebelde ( e subversivo, em termos de religião) de todos: o daimon de Sócrates.

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