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“Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.”
“Poemacto” (Herberto Helder)
Segundo Platão, as
almas, antes de voltarem a encarnar, devem beber da água do Letes, o rio do
Esquecimento.
E basta termos
esquecido para já nada ser o que parece. Não é que a nossa vida se transformasse num “déjà vu”, se
nos lembrássemos de tudo, porque o mundo não é o mesmo. Mas seríamos
pré-determinados, e com consciência disso, pelo passado. Sem a água do Letes,
começaríamos já velhos, qualquer que fosse a idade do nosso corpo.
Ora, esse passado é
real (sem existir na actualidade), e nós somos em grande parte uma projecção do
que fomos (e não apenas enquanto indivíduos). Por isso, “tudo é outra coisa”.
“Imagino o meu corpo, uma colina.
Meu corpo escada de estrela.” (ibidem)
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