"Não
se deve permitir aos desejos que sejam insolentes e tentar preenchê-los; isso é
um mal inextinguível e leva-se uma vida de ladrão."
(“Górgias” de
Platão, traduzido por Simone Weil)
A "doxa" (opinião) moderna
diz todo o contrário. Devemos seguir os nossos desejos até onde eles nos
levarem. Com uma restrição bem democrática: a de que não devemos impedir os
outros de fazer o mesmo.
Não é uma ideia nova, longe disso.
Horácio não aconselha outra coisa com o seu "carpe diem" ( aqui há uns anos, um filme de Peter Weir teve
com essa ideia um grande sucesso).
Se as "intimações" do desejo
são tão produtivas e socialmente eficazes é porque a sociedade de mercado não
pode viver sem ela. Ainda por cima, parece o contrário da repressão, o que lhe
dá um toque de humanismo. Mas já Pasolini dizia que obrigar a dizer é mais
repressivo do que a simples censura.
É por isso que a chamada austeridade
que nasceu dos excessos da ganância de alguns pode ser revolucionária...
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