domingo, 28 de agosto de 2011

CARPE DIEM



"Não se deve permitir aos desejos que sejam insolentes e tentar preenchê-los; isso é um mal inextinguível e leva-se uma vida de ladrão."


(“Górgias” de Platão, traduzido por Simone Weil)



A "doxa" (opinião) moderna diz todo o contrário. Devemos seguir os nossos desejos até onde eles nos levarem. Com uma restrição bem democrática: a de que não devemos impedir os outros de fazer o mesmo.

Não é uma ideia nova, longe disso. Horácio não aconselha outra coisa com o seu "carpe diem" ( aqui há uns anos, um filme de Peter Weir teve com essa ideia um grande sucesso).

Se as "intimações" do desejo são tão produtivas e socialmente eficazes é porque a sociedade de mercado não pode viver sem ela. Ainda por cima, parece o contrário da repressão, o que lhe dá um toque de humanismo. Mas já Pasolini dizia que obrigar a dizer é mais repressivo do que a simples censura.

É por isso que a chamada austeridade que nasceu dos excessos da ganância de alguns pode ser revolucionária...

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