quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O ESPLENDOR




“Apolo apaixona-se irremediavelmente por Dafne, mas ela que já tinha rejeitado muitos pretendentes e fora atingida por uma seta romba, deseja permanecer virgem. Inflamado pelo amor, Febo Apolo persegue Dafne, suplicando-lhe sem cessar, até que a jovem, exausta, mergulha no rio Peneu e pede ajuda ao pai.(…) Dafne transforma-se num loureiro, e Apolo decide que, dali para diante, o loureiro será a sua árvore sagrada.”

(Anthony O’Hear, citando “As Metamorfoses” de Ovídio)



Ovídio diz que já a ninfa tinha raízes e os braços alongados em ramos, o rosto transformado em copa, e “Ainda assim Febo a ama.”

Esta declaração vem a seguir a uma misteriosa observação: “só o seu esplendor permanece nela”. Por isso, o deus tenta ainda abraçar os ramos e beijar o lenho.

Que esplendor pode ser o de uma árvore, a ponto de lembrar a beleza humana? O amor como ideia interior é que produz a alquimia. Apolo projecta essa ideia no mundo e parece-lhe que o “lenho se esquiva”.



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