“Apolo
apaixona-se irremediavelmente por Dafne, mas ela que já tinha rejeitado muitos
pretendentes e fora atingida por uma seta romba, deseja permanecer virgem.
Inflamado pelo amor, Febo Apolo persegue Dafne, suplicando-lhe sem cessar, até
que a jovem, exausta, mergulha no rio Peneu e pede ajuda ao pai.(…) Dafne
transforma-se num loureiro, e Apolo decide que, dali para diante, o loureiro
será a sua árvore sagrada.”
(Anthony O’Hear,
citando “As Metamorfoses” de Ovídio)
Ovídio diz que já a
ninfa tinha raízes e os braços alongados em ramos, o rosto transformado em
copa, e “Ainda assim Febo a ama.”
Esta declaração vem a
seguir a uma misteriosa observação: “só o
seu esplendor permanece nela”. Por isso, o deus tenta ainda abraçar os
ramos e beijar o lenho.
Que esplendor pode
ser o de uma árvore, a ponto de lembrar a beleza humana? O amor como ideia
interior é que produz a alquimia. Apolo projecta essa ideia no mundo e
parece-lhe que o “lenho se esquiva”.
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